sábado, 20 de novembro de 2010

A BELEZA E A PROFUNDIDADE DO MATRIMÔNIO

Jesus insiste na indissolubilidade do matrimônio. Por que ele se posiciona firmemente sobre a indissolubilidade do matrimônio? Onde é que consiste a beleza e a profundidade do matrimônio indissolúvel?

1. A beleza do matrimônio consiste na sua definitividade e na superação de cada crise

           Todos sabem que viver já é difícil, quanto mais conviver, especialmente no matrimônio. Mas a beleza e a profundidade do matrimônio precisamente consistem na sua definitividade e durabilidade: “O que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10,9). E o Compêndio do Catecismo diz: “Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os no Matrimônio a uma íntima comunhão de vida e de amor entre si, ‘assim eles não são mais dois, mas uma só carne’(Mt 19,6)”. A definitividade do matrimônio faz com que o amor se torne cada vez mais maduro, pois ele é refletido toda vez que encontra sua dificuldade e seus obstáculos. Precisamente na medida em que os momentos de crise matrimonial se superam, cresce também uma nova dimensão do amor e ao mesmo tempo se abre uma porta para uma dimensão da vida. Na superação de cada momento de crise abre-se uma porta para uma nova dimensão da convivência matrimonial e familiar. Com efeito, a verdadeira beleza do matrimônio não consiste apenas na sua harmonia, mas também na superação de cada momento de crise, como a beleza do dia não consiste apenas na sua claridade pelo sol, mas também na sua escuridão da noite. A beleza da noite muita vezes apresenta um aspecto diferente, do que a beleza que o dia ensolarado apresenta. Para chegar a essa superação os esposos devem aprender permanentemente a caminhar juntos, a amar-se novamente, a perdoar mutuamente, a buscar juntos uma solução para os problemas existentes para que possam trilhar o caminho do matrimônio até o fim.

2. A beleza do matrimônio consiste na formação de uma família humana: ser ninho do amor e de outros valores.

           As pessoas se casam para formar uma família onde cada membro é preparado para entrar na sociedade maior. A família é o ambiente em que cada um aprende a dar e a receber o amor, a se sacrificar pelo outro, a ser solidário com o outro, a carregar juntos o fardo que se encontra na caminhada, a perdoar mutuamente pelas ofensas que muitas vezes são frutos não da maldade, mas das limitações naquele momento em que elas ocorreram. A grandeza de um matrimônio e de uma família consiste na entrega sincera de si mesmo ao outro. Nada pode substituir a existência de uma família, pois ela é a base de uma história, de um crescimento, da maturidade humana e cristã, etc. A família é um bem necessário para cada ser humano para toda a sua vida. Quando uma família não vai bem, a sociedade também não vai bem. Por isso, a beleza de um matrimônio consiste na transmissão dos valores para os filhos, frutos de uma profunda união. Não é por acaso que cada família cristã é chamada de Igreja doméstica, pois através da vivência dos valores a família se torna uma comunidade de graça e uma escola das virtudes humanas e cristãs. A linguagem da fé de cada cristão se aprende no lar. A fé e a ética cristã se aprendem no lar que vão marcar a vida de cada membro para o resto da vida. Nenhum de nós adquiriu por si só os conhecimentos básicos para a vida. Cada um recebe de outros, principalmente da família, a vida e as verdades básicas para viver uma vida sadia pessoal, social e comunitariamente. Neste sentido, os próprios pais são exemplo e professores das virtudes humanas e cristãs. Somente desta maneira cada família pode superar a cultura que exalta o egoísmo e o individualismo como se cada um se fizesse só e se bastasse a si mesmo esquecendo o valor de uma relação com os outros e sua responsabilidade diante dos outros.

3. A beleza do matrimônio consiste em expressar a importância do valor de uma companhia

           “Não é bom que o homem esteja só”. Estas palavras são postas na boca de Deus pelo autor (2,18a). O ponto de partida do texto é a necessidade humana de estar em companhia. O homem não é um ser autônomo, encerrado em si mesmo. Não podemos viver sós. O homem só, sem companhia nem ajuda não é homem nem pode viver como tal. O ser humano não encontra a plenitude do sentido de sua existência em si mesmo, mas na relação com os demais. O homem que vive fechado em si próprio, que escolhe percorrer caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, que recusa o diálogo e a comunhão com aqueles que caminham a seu lado, que tem o coração fechado ao amor e à partilha, é um homem profundamente infeliz, que nunca conhecerá a felicidade plena. Por ter nascido de Deus, o homem é participação. Estamos feitos para a relação com os demais. Estamos feitos a base de relação com os demais. Por isso, quando morre uma pessoa querida, uma parte de nós mesmos morre com ela porque formamos um todo com ela.  O mistério do homem é que para ser ele mesmo, ele tem necessidade do outro, para encontrar-se a si mesmo, ele precisa partilhar, e necessita dar para chegar a ser. O mistério do homem é que para poder existir como “EU”, necessita que exista outro que lhe diga “TU”. O mistério do homem é que ele é sociedade. O homem, desde sua origem, é um ser conjugal. Desde então, ser parceiro é sacramento de Deus. O ser humano deixaria de ser imagem de Deus, se ele não se relacionasse com os demais, pois um Deus com uma pessoa só já não seria o Amor. Deus é Amor (1Jo 4,8. 16) e o amor é encontro e para existir como Amor, tem que ser Trindade.

           Esta relação e companhia se realizam com uma plenitude, distinta de qualquer outra relação, na união do homem e a mulher: “Eles serão uma só carne” (Gn 2,24; Mc 10,7). A palavra “carne” expressa na linguagem bíblica a existência terrena do homem; ser da mesma carne significa compartilhar a mesma existência, o mesmo projeto vital. A complementaridade entre homem e mulher conduz a compartilhar a mesma existência. E o sacramento do matrimônio é a experiência mais plena de acompanhamento mútuo que se converte em sinal público e eclesial o amor absoluto que é Deus (1Jo 4,8. 16). Por isso, o matrimônio é um sacramento não porque consagre a promessa solene dos esposos, nem por fundar-se na mútua ternura. O matrimônio é sacramento por ser imagem mais perfeita do que Deus é e do que é a vida segundo Deus. Na relação entre um homem e uma mulher descobrimos e experimentamos que Deus é encontro, dom, participação e amor.

           Este ideal que Jesus Cristo apresenta no Evangelho de hoje consiste no amor que dura e cresce sempre, que quer seriamente o bem do outro, que faz todo o necessário para cultivar esse amor. Mas este ideal não é fácil como são os demais ideais que Jesus apresenta no evangelho como: amar os inimigos, perdoar sempre, vender tudo para dar aos pobres. No entanto, sabemos que um mundo que realiza todos estes ideais será verdadeiramente o mundo de Deus, ou seja, o mundo para os homens. Cada cristão é chamado e enviado para anunciar estes ideais e lutar para realizá-los, mas sempre está ao lado de Deus, pois sem Deus nada podemos fazer (Jo 15,5). Realizar estes ideais significa seguir o caminho de Deus, e ser testemunha do Seu amor.

           “Não separe o homem o que Deus uniu”, diz Jesus. Jesus está sempre contra a corrente. Palavra incompreensível para muitos homens e mulheres, qualquer seja a sua idade. O ser humano foi criado à imagem de Deus por amor. O casal humano é chamado por Deus a tornar-se o primeiro lugar de encarnação deste movimento de amor. O amor humano, sob todas as suas formas, não nasceu dos acasos da evolução biológica. É dom de Deus. Quando os homens recusarem este dom, impedirão Deus de imprimir neles a sua imagem.


           Que esta Eucaristia fortaleça o amor dos casais presentes, o amor que eles consagraram um para o outro no dia de seu casamento. O casamento indissolúvel é um grito para todas as pessoas ao redor que existe o amor. É o mesmo que dizer: Deus existe, pois ele é Amor (1Jo 4,8. 16).
Oração pelas famílias:

Senhor Jesus Cristo, Vós que, fazendo-Vos homem, quisestes ser membro da família humana, ensinai às nossas famílias as virtudes que resplandeceram na casa de Nazaré.
Fazei que elas permaneçam unidas, como Vós e o Pai sois Um, e sejam testemunho vivo de amor, de justiça e solidariedade; fazei que sejam escolas de respeito, perdão e ajuda recíprocos, para que o mundo creia; fazei que sejam fonte de vocações para o sacerdócio, para a vida consagrada e para todos os demais modos de decidido compromisso cristão.
Com a imposição da minha mão sacerdotal que Deus abençoe toda a sua família: + Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo . Amém
Padre Silvester Anas.

FONTE:http://www.filhosdemaria.com.br/reflexao-litrugica/343-a-beleza-do-matrimonio.html

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