segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Chamados à santidade


Desde a Antiga Aliança, realizada através dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade:

'Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo' (Lv 1,44-45). O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua 'imagem e semelhança' (Gen 1,26), e Ele é Santo, nós temos que ser santos também. O Senhor não deixa por menos. A medida e a essência dessa santidade é o próprio Deus. São Pedro repete esta ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta, convocando os cristãos a imitarem a santidade de Deus:

'A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo' (1Pe 1,15-16).

S.Pedro exige dos fieis que 'todas as vossas ações' espelhem esta santidade de Deus, já que 'vós sois, uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis o poder daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa' (1Pe 2,9). Para São Pedro a vida de santidade era uma imediata conseqüência de um povo que ele chamava de 'quais outras pedras vivas... materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo' (1Pe 2,5).

Neste sentido exortava os cristãos do seu tempo a romper com a vida carnal: 'luxúrias, concupiscências, embriagues, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias' (1Pe 4,3), vivendo na caridade, já que esta 'cobre a multidão dos pecados' (1Pe 4,8).

Jesus, no Sermão da Montanha chama os discípulos à perfeição do Pai:

'Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito' (Mt 5,48). Essas palavras fazem eco ao que Deus já tinha ordenado ao povo no deserto: 'Sede santos, porque eu sou santo' (Lv 11,44). Jesus falava da bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus, e que 'faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos' (Mt 5,45). Jesus pergunta aos discípulos: 'Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis ?' (46). Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste, é amar também os inimigos, os que não nos amam. 'Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam'(44). E mais ainda: 'Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra' (39).

Sem dúvida não é fácil viver essa grande exigência que Jesus nos faz, mas é por isso mesmo que ao cumpri-la vamos nos tornando santos, perfeitos, como o Pai celeste.

Todo o Sermão da Montanha, que São Mateus relata nos capítulos 5,6 e 7, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos, a 'Constituição do Reino de Deus'. Santo Agostinho nos assegura que:

'Aquele que quiser meditar com piedade e perspicácia o Sermão que nosso Senhor pronunciou no Monte, tal como o lemos no Evangelho de São Mateus, aí encontrará, sem sombra de dúvida, a carta magna da vida cristã' (CIC, Nº 1966).

É por isso que na festa de todos os santos a Igreja nos faz ler no Evangelho, as Bem aventuranças, que são o início, e como que o resumo, de todo o Sermão do Monte.

É importante perceber que São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando os cristãos do seu tempo de que são chamados à santidade. Aos romanos, logo no início, ele se dirige dizendo: 'a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos... ' (Rom 1,7). Aos coríntios ele repete: 'à Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos...' (1Cor 1,2). Aos efésios ele lembra, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo 'antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos' (Ef 1,5). Aos filipenses ele pede que: 'o discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo' (Fil 1,10).

'Fazei todas as coisas sem hesitações e murmurações a fim de serdes irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus íntegros no meio de uma geração má e perversa' (Fil 2,14) .

Para o Apóstolo a santidade é a grande vocação do cristão. Ele diz aos efésios:

'Exorto-vos pois (...) que leveis uma vida digna da vocação a qual fostes chamados, com toda humildade, mansidão e paciência' (Ef 4,1). De maneira mais clara ainda ele fala aos tessalonicenses sobre o que Deus quer de nós:

'Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus'
(1 Tess 4,3-5).

Aos cristãos de Corinto, Paulo volta a insistir na sua segunda carta:

'Purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus' (2 Cor 7,1). Para o Apóstolo a santificação de cada um é como a realização de uma obra muito importante.

E também a carta aos Hebreus, escrita por São Paulo ou algum dos seus discípulos, nos manda procurar a santidade:

'Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor' (Heb 12,14).
Todas essas passagens da Sagrada Escritura, e muitas outras, deixam claro a nossa vocação para uma vida de santidade. Santa Teresa de Ávila afirma que: 'O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos'. A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser 'imagem e semelhança' de Deus, conforme saímos de suas mãos.

São Paulo ensina na carta aos romanos que Deus nos quer como autênticas imagens de Jesus:

'Os que ele distinguiu de antemão , também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos'(Rom 8,29).

A santificação, portanto, consiste em cada cristão se transformar numa cópia viva de Jesus, 'um outro cristo' como diziam os santos Padres.

Quando a imagem de Jesus estiver formada em nossa alma, então teremos chegado à meta que Deus nos propõe. É aquele estado de vida que levou, por exemplo, São Paulo a exclamar: 'Eu vivo, mas já não sou mais eu, é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus' (Gal 2,20).

Jesus sofreu toda a sua Paixão e Morte para que recuperássemos diante do Pai a santidade. É o que o Apóstolo nos ensina: 'Eis que agora Ele vos reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais apresentar santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai' (Col 1,22).

sábado, 27 de novembro de 2010

Vaticano escolhe O ECC do Brasil para representar as famílias em congresso internacional

Qua, 24 de Novembro de 2010 20:29

Ter e cultivar a Igreja dentro de casa. Essa é a missão maior da primeira comunidade de qualquer pessoa: a família. Contrariando o que muitos pensam ter a Igreja dentro de casa, não significa uma série de regras e imposições, mas simplesmente viver o maior de todos os mandamentos: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado” (Jo 13,34) e a partir dele tornar o cotidiano, repleto de tarefas, mais leve e mais feliz. A primeira manifestação do amor dentro de uma família é dada pelos responsáveis pela sua origem: o casal.Foi pensando na importância do casal como fonte da missionariedade e da presença da Igreja na família que nasceu o Encontro de Casais com Cristo (ECC). No ano em que este serviço completa 40 anos o ECC foi convidado pelo Pontifício Conselho para a Família (PCF) para mostrar ao mundo como a evangelização de casais pode transformar as famílias.

O anúncio da escolha veio do Bispo Auxiliar de Salvador (BA) Dom João Carlos Petrini, que é membro do Conselho Internacional do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família. Em visita a Roma (Itália) no início do mês de julho em função da reunião do Conselho, Dom Petrini conversou com o presidente do PCF, Cardeal Ennio Antonelli, e apresentou quatro experiências de evangelização da família no Brasil preparadas pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB. Depois de uma análise cuidadosa o PCF informou a CNBB que o ECC havia sido escolhido como modelo de evangelização da Igreja no Brasil a ser apresentado no Congresso da Família Cristã que acontecerá no final do mês de Novembro, em Roma (Itália).

O ECC será representado pelo Casal Alceu e Maria Lúcia, da Arquidiocese de Juiz de Fora/MG, com a aprovação do Conselho Nacional do ECC.

O tema do congresso deste ano é “Família Cristã- Sujeito de Evangelização” e é uma preparação para o grande evento do Pontifício Conselho para a Família (PCF) que acontecerá em Milão (Itália) em 2012.
© 2010 ECC – Encontro de Casais com Cristo – Conselho Nacional

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Perito vaticano explica postura do Papa sobre preservativos

O Sub-secretário do Pontifício Conselho para a Família, padre Carlos Simón, explicou que "não há nenhuma novidade" na postura do Papa Bento XVI sobre os preservativos, no novo livro-entrevista "Luz do Mundo" do jornalista alemão Peter Seewald, apresentado nesta terça-feira, 23, no Vaticano.

Em entrevista ao jornal espanhol La Razón, padre Simón, médico e sacerdote, recordou que o Santo Padre já explicou na sua viagem à África, em 2009, que a postura da Igreja sobre a luta contra a AIDS se fundamenta na promoção da abstinência e da fidelidade; e destacou que nas declarações do Papa a Seewald "não há nenhuma novidade".

"O Papa disse naquela viagem [à África] que na luta contra a AIDS a estratégia da Igreja era a abstinência, a fidelidade e a camisinha. As duas primeiras são formas de lutar contra a AIDS, como assinala o Papa, no contexto da educação e da não-banalização da sexualidade. Como última via escapatória está o preservativo, nos casos onde as outras duas opções não se puderam desenvolver", explicou.

Do mesmo modo, considerou que "deve-se distinguir quando o Pontífice diz algo de modo coloquial do que quando ele o faz de maneira pedagógica ou em uma expressão de toda sua autoridade, como em uma encíclica. Não há contradição neste assunto".

"O que concretamente disse o Papa neste livro é que nos casos em que nem a abstinência nem a fidelidade puderam ser seguidas - que é a via pela qual aposta a Igreja -, existe esta última opção. Uma pessoa pode fazer uso do preservativo de forma responsável para não contagiar nem produzir um mal que danifique a vida".

Preservativos e a Tradição moral da Igreja

Padre Simón sublinhou que as declarações do Papa entram dentro da tradição da teologia moral da Igreja. "Para esta, o ato sexual se entende dentro do contexto de uma relação conjugal. Aí é onde se aplica a moralidade. Todo ato fora do matrimônio a Igreja o rechaça como algo desordenadamente grave. Entramos, em um campo da saúde, trata-se de um terreno onde há um possível contágio".

O sacerdote esclareceu que o pecado é ter relações sexuais fora do matrimônio e "o preservativo então é um mal menor que evita um possível contágio. Nos casos onde não haja este perigo, [o uso de preservativos] é uma desfiguração de uma relação já alterada, porque não esqueçamos que se trata de um anticoncepcional".

Para a Igreja, explicou, "os atos sexuais devem acontecer entre dois cônjuges e, portanto, quando se realizam fora do matrimônio têm uma desordem intrínseca".

"O que o Papa disse é que em alguns casos - nos que há um risco seguro de contágio - então está justificado o preservativo. Vejo a novidade no aspecto terminológico, não na idéia nem no contexto. O Papa não revolucionou nenhum ensino da Igreja. Assinala que não se deve banalizar a sexualidade. No caso de onde já se produziu uma desordem - que para a Igreja é algo grave -, deve-se procurar que não haja um mal ainda mais intenso".

Padre Simón ressaltou que a Igreja não vai promover o uso do preservativo na luta contra a AIDS - quando a abstinência e a fidelidade falham. E recordou que "a Igreja segue o que o Papa diz quando afirma que se deve integrar a sexualidade na esfera do amor e da entrega. Bento XVI é um grande pensador e está preocupado em conseguir que haja uma harmonia no homem. A Igreja deve insistir nesta via, que é a mais difícil mas faz do homem um ser autêntico, não banal".

"A Igreja seguirá resistindo às pressões daqueles que pedem distribuição dos preservativos. Existem inúmeros dados científicos que assinalam que a receita da abstinência e da fidelidade e, só em terceiro lugar, o preservativo, conseguiram objetivos muito positivos na luta contra a AIDS", acrescentou.

FONTE:http: //noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=278995

sábado, 20 de novembro de 2010

A BELEZA E A PROFUNDIDADE DO MATRIMÔNIO

Jesus insiste na indissolubilidade do matrimônio. Por que ele se posiciona firmemente sobre a indissolubilidade do matrimônio? Onde é que consiste a beleza e a profundidade do matrimônio indissolúvel?

1. A beleza do matrimônio consiste na sua definitividade e na superação de cada crise

           Todos sabem que viver já é difícil, quanto mais conviver, especialmente no matrimônio. Mas a beleza e a profundidade do matrimônio precisamente consistem na sua definitividade e durabilidade: “O que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10,9). E o Compêndio do Catecismo diz: “Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os no Matrimônio a uma íntima comunhão de vida e de amor entre si, ‘assim eles não são mais dois, mas uma só carne’(Mt 19,6)”. A definitividade do matrimônio faz com que o amor se torne cada vez mais maduro, pois ele é refletido toda vez que encontra sua dificuldade e seus obstáculos. Precisamente na medida em que os momentos de crise matrimonial se superam, cresce também uma nova dimensão do amor e ao mesmo tempo se abre uma porta para uma dimensão da vida. Na superação de cada momento de crise abre-se uma porta para uma nova dimensão da convivência matrimonial e familiar. Com efeito, a verdadeira beleza do matrimônio não consiste apenas na sua harmonia, mas também na superação de cada momento de crise, como a beleza do dia não consiste apenas na sua claridade pelo sol, mas também na sua escuridão da noite. A beleza da noite muita vezes apresenta um aspecto diferente, do que a beleza que o dia ensolarado apresenta. Para chegar a essa superação os esposos devem aprender permanentemente a caminhar juntos, a amar-se novamente, a perdoar mutuamente, a buscar juntos uma solução para os problemas existentes para que possam trilhar o caminho do matrimônio até o fim.

2. A beleza do matrimônio consiste na formação de uma família humana: ser ninho do amor e de outros valores.

           As pessoas se casam para formar uma família onde cada membro é preparado para entrar na sociedade maior. A família é o ambiente em que cada um aprende a dar e a receber o amor, a se sacrificar pelo outro, a ser solidário com o outro, a carregar juntos o fardo que se encontra na caminhada, a perdoar mutuamente pelas ofensas que muitas vezes são frutos não da maldade, mas das limitações naquele momento em que elas ocorreram. A grandeza de um matrimônio e de uma família consiste na entrega sincera de si mesmo ao outro. Nada pode substituir a existência de uma família, pois ela é a base de uma história, de um crescimento, da maturidade humana e cristã, etc. A família é um bem necessário para cada ser humano para toda a sua vida. Quando uma família não vai bem, a sociedade também não vai bem. Por isso, a beleza de um matrimônio consiste na transmissão dos valores para os filhos, frutos de uma profunda união. Não é por acaso que cada família cristã é chamada de Igreja doméstica, pois através da vivência dos valores a família se torna uma comunidade de graça e uma escola das virtudes humanas e cristãs. A linguagem da fé de cada cristão se aprende no lar. A fé e a ética cristã se aprendem no lar que vão marcar a vida de cada membro para o resto da vida. Nenhum de nós adquiriu por si só os conhecimentos básicos para a vida. Cada um recebe de outros, principalmente da família, a vida e as verdades básicas para viver uma vida sadia pessoal, social e comunitariamente. Neste sentido, os próprios pais são exemplo e professores das virtudes humanas e cristãs. Somente desta maneira cada família pode superar a cultura que exalta o egoísmo e o individualismo como se cada um se fizesse só e se bastasse a si mesmo esquecendo o valor de uma relação com os outros e sua responsabilidade diante dos outros.

3. A beleza do matrimônio consiste em expressar a importância do valor de uma companhia

           “Não é bom que o homem esteja só”. Estas palavras são postas na boca de Deus pelo autor (2,18a). O ponto de partida do texto é a necessidade humana de estar em companhia. O homem não é um ser autônomo, encerrado em si mesmo. Não podemos viver sós. O homem só, sem companhia nem ajuda não é homem nem pode viver como tal. O ser humano não encontra a plenitude do sentido de sua existência em si mesmo, mas na relação com os demais. O homem que vive fechado em si próprio, que escolhe percorrer caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, que recusa o diálogo e a comunhão com aqueles que caminham a seu lado, que tem o coração fechado ao amor e à partilha, é um homem profundamente infeliz, que nunca conhecerá a felicidade plena. Por ter nascido de Deus, o homem é participação. Estamos feitos para a relação com os demais. Estamos feitos a base de relação com os demais. Por isso, quando morre uma pessoa querida, uma parte de nós mesmos morre com ela porque formamos um todo com ela.  O mistério do homem é que para ser ele mesmo, ele tem necessidade do outro, para encontrar-se a si mesmo, ele precisa partilhar, e necessita dar para chegar a ser. O mistério do homem é que para poder existir como “EU”, necessita que exista outro que lhe diga “TU”. O mistério do homem é que ele é sociedade. O homem, desde sua origem, é um ser conjugal. Desde então, ser parceiro é sacramento de Deus. O ser humano deixaria de ser imagem de Deus, se ele não se relacionasse com os demais, pois um Deus com uma pessoa só já não seria o Amor. Deus é Amor (1Jo 4,8. 16) e o amor é encontro e para existir como Amor, tem que ser Trindade.

           Esta relação e companhia se realizam com uma plenitude, distinta de qualquer outra relação, na união do homem e a mulher: “Eles serão uma só carne” (Gn 2,24; Mc 10,7). A palavra “carne” expressa na linguagem bíblica a existência terrena do homem; ser da mesma carne significa compartilhar a mesma existência, o mesmo projeto vital. A complementaridade entre homem e mulher conduz a compartilhar a mesma existência. E o sacramento do matrimônio é a experiência mais plena de acompanhamento mútuo que se converte em sinal público e eclesial o amor absoluto que é Deus (1Jo 4,8. 16). Por isso, o matrimônio é um sacramento não porque consagre a promessa solene dos esposos, nem por fundar-se na mútua ternura. O matrimônio é sacramento por ser imagem mais perfeita do que Deus é e do que é a vida segundo Deus. Na relação entre um homem e uma mulher descobrimos e experimentamos que Deus é encontro, dom, participação e amor.

           Este ideal que Jesus Cristo apresenta no Evangelho de hoje consiste no amor que dura e cresce sempre, que quer seriamente o bem do outro, que faz todo o necessário para cultivar esse amor. Mas este ideal não é fácil como são os demais ideais que Jesus apresenta no evangelho como: amar os inimigos, perdoar sempre, vender tudo para dar aos pobres. No entanto, sabemos que um mundo que realiza todos estes ideais será verdadeiramente o mundo de Deus, ou seja, o mundo para os homens. Cada cristão é chamado e enviado para anunciar estes ideais e lutar para realizá-los, mas sempre está ao lado de Deus, pois sem Deus nada podemos fazer (Jo 15,5). Realizar estes ideais significa seguir o caminho de Deus, e ser testemunha do Seu amor.

           “Não separe o homem o que Deus uniu”, diz Jesus. Jesus está sempre contra a corrente. Palavra incompreensível para muitos homens e mulheres, qualquer seja a sua idade. O ser humano foi criado à imagem de Deus por amor. O casal humano é chamado por Deus a tornar-se o primeiro lugar de encarnação deste movimento de amor. O amor humano, sob todas as suas formas, não nasceu dos acasos da evolução biológica. É dom de Deus. Quando os homens recusarem este dom, impedirão Deus de imprimir neles a sua imagem.


           Que esta Eucaristia fortaleça o amor dos casais presentes, o amor que eles consagraram um para o outro no dia de seu casamento. O casamento indissolúvel é um grito para todas as pessoas ao redor que existe o amor. É o mesmo que dizer: Deus existe, pois ele é Amor (1Jo 4,8. 16).
Oração pelas famílias:

Senhor Jesus Cristo, Vós que, fazendo-Vos homem, quisestes ser membro da família humana, ensinai às nossas famílias as virtudes que resplandeceram na casa de Nazaré.
Fazei que elas permaneçam unidas, como Vós e o Pai sois Um, e sejam testemunho vivo de amor, de justiça e solidariedade; fazei que sejam escolas de respeito, perdão e ajuda recíprocos, para que o mundo creia; fazei que sejam fonte de vocações para o sacerdócio, para a vida consagrada e para todos os demais modos de decidido compromisso cristão.
Com a imposição da minha mão sacerdotal que Deus abençoe toda a sua família: + Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo . Amém
Padre Silvester Anas.

FONTE:http://www.filhosdemaria.com.br/reflexao-litrugica/343-a-beleza-do-matrimonio.html

Namoro Santo. É possível?

‘É possível namorar sem desagradar a Deus? Ou seria melhor inventar outra forma de relacionamento?” A Bíblia (que deve ser nosso livro de princípios, nossa regra de fé e prática) não fala nada específico sobre o namoro. Não existe nela o termo ‘namorar’. Mas há alguns casos que revelam esse tipo de relacionamento antes do casamento. É o caso de Jacó e Raquel - ele a amou logo de cara e se dispôs a trabalhar para seu pai durante sete anos para tê-la como esposa (Gênesis 29). Aí temos um dos primeiros significados do namoro: é um tempo de dedicação e compromisso. Já imaginou ter que trabalhar de graça para conseguir uma namorada? É preciso muito amor mesmo! O que nem sempre acontece hoje em dia…
Hoje, quase ninguém quer saber do fator ‘amor’ entre o casal, principalmente no namoro. Ele acabou ficando em segundo plano. Primeiro vem a atração, depois a paixão. E é aí que está o problema: atração e paixão são vontades da nossa carne, não são sentimentos. E quando satisfazemos à carne… é problema na certa. Duvida? Pois vamos aos fatos:

O ‘ficar’:

Ficar, ou sair por aí com alguém como se fosse namorado sem o ser, virou moda. ‘Vamos beijar, beije todos os que estiverem ao seu lado’, falou certa vez a cantora Ivete Sangalo em dos seus shows na praia de Florianópolis. E não era de ‘ósculo santo’ que ela estava falando! ‘Namorar só depois de conhecer bem a pessoa’, me disse uma amiga. Só que o ‘conhecer bem’ incluía a relação a sexual - dos beijos ao ato em si. A mídia reforça a idéia: ‘o que você acha de transar antes de namorar?’ era a pergunta num programa na televisão. E o pior: as respostas eram ‘normal’, ‘depende do cara’, ‘legal’… Agora reflita: há compromisso e dedicação quando ‘ficamos’? Não. Há amor verdadeiro? Também não, no máximo atração ou paixão. É só para satisfazer um desejo da carne. E qual o problema nisso? Nosso Deus é um Deus que se agrada de compromissos. E se você não consegue fazer isso com quem está ao seu alcance, imagine com Ele.

As conseqüências dessa falta de compromisso:

A família é um projeto do coração de Deus, e o diabo quer destruí-la. Logo, namoro sem compromisso leva a casamentos desfeitos e relacionamentos também sem compromisso. Adolescente que fica hoje, não vai querer casar amanhã, só ‘morar junto’ - livre de compromisso perante a lei e perante Deus. Esse é o plano de Satanás. Ficar é só para satisfazer a um desejo momentâneo, e ‘os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.’ (Gálatas 5:24) Tenho compromisso. E agora? Talvez você não esteja ‘ficando’, mas decidiu namorar alguém. E esta é a palavra: decisão. Amar alguém também faz parte de uma decisão. Ben Wong, disse que para um casamento ser duradouro é preciso que o casal tenha em mente que decidiu amar àquela outra pessoa pelo resto de sua vida. Se você decidiu assim, não vai dar lugar para os famosos pensamentos do tipo ‘o amor entre nós acabou’. E é claro, vai fazer de tudo para cultivar esse amor com gestos e atitudes. No namoro, a decisão não é menos importante. Principalmente se você tiver em mente ‘o que é o namoro’. Esse tempo de compromisso e dedicação é, na verdade, um privilégio. É o tempo que temos para conhecer a outra pessoa. Já se foi (ainda bem!) aquela época em que os pais escolhiam os cônjuges de seus filhos de acordo com seus interesses financeiros, sem que o casal ao menos se conhecesse. Agora, a decisão é de cada um. Mas se você decide namorar, é porque decide ‘conhecer’ alguém, e com um objetivo. Conhecer alguém significa saber de seus defeitos e qualidades. Saber o que o deixa feliz e o que o entristece. Saber seus gostos e preferências. Saber qual sua personalidade e saber se é bom ou mau caráter. Saber o que está por trás da ‘casca’ que, aparentemente, agradou! Será que a fruta é boa mesmo? Depois disso vem o noivado. É uma segunda etapa do namoro. É a época de fazer planos, sonhar mais alto, projetar um casamento, a construção de uma nova família. E então, finalmente vem o casamento: o objetivo final do namoro. A consumação de um relacionamento de amor. Uma decisão, e das mais importantes. Pratique o namoro santo!

Doze características de um relacionamento que tem, como prioridade, a busca de santidade e da vontade do Senhor:

Antes de namorar, sejam amigos. A amizade é fundamental para um relacionamento dar certo. Permaneçam ’só amigos’ o máximo de tempo possível! Busquem orientação de Deus antes e durante o namoro. Se vocês não têm vergonha de beijar um ao outro, então porque ter vergonha de orar juntos? Estabeleçam alvos conjuntos. Façam do namoro o primeiro passo para um casamento. Nem sempre o namoro vai acabar num altar, mas esse deve ser o objetivo principal. Só comece a namorar com essa intenção, nunca para se divertir ou como passatempo.
 Não façam do namoro ou um do outro prioridade. Enquanto vocês não são casados continuam debaixo do cuidado dos pais, autoridades colocadas por Deus sobre suas vidas. A suas famílias devem ser prioritárias. A aprovação deles em tudo o que fizerem é imprescindível. Lembrem-se do mandamento: ‘Honra a teu pai e tua mãe…’ e Deus lhes mostrará que é fiel! Não se isolem. Muita gente, após um namoro desfeito, descobre que não tem mais amigos. Eles foram sumindo aos poucos, enquanto o namoro era autocentralizado. Não se sintam ‘dono do outro’. O namoro é apenas uma fase de conhecimento do parceiro (a), não significa que você tem posse sobre ele (a). Não se impeçam de, as vezes, saírem sozinhos (a) ou com a turma; Não dêem lugar ao diabo (Efésios 4:27). Não fiquem sozinhos em casa, não namorem no escuro. Não façam aquilo que virá a despertar desejos mais íntimos ou sexuais. Só façam um com o outro aquilo que não teriam vergonha de fazer na frente dos outros.
Aproveitem esse tempo para conversar e abrir seus corações. Coloquem beijos e abraços em segundo plano e sempre com moderação; Aprendam a demonstrar carinho com respeito. Palavras doces, pequenas surpresas e programas agradáveis a sós podem revelar seu amor pelo outro sem que suas convicções se choquem. Busquem o máximo de intimidade visando o conhecimento mútuo sem que seja necessário defraudação do corpo do outro. Intimidade também significa familiaridade. Duas pessoas íntimas se dedicam particular afeição. Façam com que a paz de Deus seja o árbitro. Namoro turbulento e cheio de neuroses não esta com nada. Não dêem ouvidos para que os outros falam, ou o que a sociedade vem impondo sobre namoros ‘modernos’. Lembrem-se que estamos no mundo, mas não pertencemos a ele. Não se acomodem, não se conformem com o que está errado. Sejam firmes. E sejam felizes! ‘E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.’ (Romanos 12:2)

O Matrimônio como Sacramento - Essência

A essência do sacramento do Matrimônio, ativamente considerado, está no contrato válido, já que esse mesmo contrato foi elevado por Cristo à categoria de sacramento. Mas, como em todos os demais sacramentos, cabe distinguir no do Matrimônio sua matéria e sua forma. Vamos esclarecê-las na seguinte conclusão:

A matéria próxima do sacramento do Matrimônio consiste na mútua entrega dos corpos manifestada pelas palavras ou sinais equivalentes, e a forma, na mútua aceitação dos mesmos expressada do mesmo modo. 

Esta é a sentença mais provável e hoje comuníssima entre os teólogos. É a que defende Santo Tomás e expôs Bento XIV nas seguintes palavras:

“O legítimo contrato é, ao mesmo tempo, a matéria e a forma do sacramento do Matrimônio; a saber: a mútua e legítima entrega dos corpos com as palavras e sinais que expressam o sentido interior do ânimo, constitui a matéria, e a mútua e legítima aceitação dos corpos constitui a forma. (Constituição Paucis, de 19 de março de 1758)


Corolários

1o. Os corpos dos contraentes, enquanto servem para a geração dos filhos, constituem a matéria remota do sacramento. A próxima consiste na mútua entrega dos mesmos corpos manifestada pela palavra ou por sinais equivalentes (ex.: assentindo com a cabeça se o contraente é mudo).

2o. As palavras que pronuncia o sacerdote ao benzer os esposos (“ego vos coniungo”, etc.) não são a forma do sacramento (já que o sacerdote não é ministro do Matrimônio, como veremos abaixo), mas a aceitação da entrega dos corpos pelos próprios contraentes, que são os ministros do sacramento.

3o. Logo, como dizem muito bem os Salmaticenses, neste sacramento há uma dupla matéria e forma parcial que se completam mutuamente. Um dos contraentes coloca a metade da matéria e a metade da forma, e o outro coloca as duas metades que faltam; e entre os dois realizam a plena significação sacramental com a integridade da matéria e da forma.

4o. O sacramento do Matrimônio consiste no contrato mesmo (matrimônio in fieri, ou seja, ativamente considerado), que foi elevado por Cristo à categoria de sacramento entre batizados. Não é nenhuma outra realidade acrescentada ao contrato, mas a mesma elevada de categoria. Por isso entre batizados não pode haver contrato matrimonial válido que não seja, ao mesmo tempo, sacramento.

5o. No matrimônio como sacramento se encontram os três aspectos que se podem distinguir neles, a saber:

a) o que é só sacramento (“el sacramento solo”), que é o próprio contrato.
b) a coisa (“la cosa sola”), que é a graça sacramental que confere.
c) a coisa e o sacramento (“la cosa y el sacramento”), que é o vínculo permanente que dele resulta.

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MARIN, R. Teologia Moral para seglares. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1958. v2: Los sacramentos. p.537-538. Tradução minha.


Fonte: Melissa Bergonso » http://melissabergonso.blogspot.com/#ixzz15p9mcd6D

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O que é a perfeita alegria?

Um dia, enquanto São Francisco caminhava com Frei Leão, vindo de Perusa para Santa Maria dos Anjos, durante um rigorosíssimo inverno, Francisco o chamou, pois o seu companheiro andava mais a frente e lhe disse:

“Irmão Leão, ainda que o frade menor desse o maior exemplo de santidade e de boa edificação, em toda a terra, escreve que nisso não está a perfeita alegria”. E andando mais um pouco torna a o chamar:

“Ó Irmão Leão, ainda que o frade menor curasse os cegos, os paralíticos, os surdos, os coxos, os mudos e mesmo ressuscitasse mortos de quatro dias, escreve que nisso não está a perfeita alegria”. Andando mais um pouco, Francisco grita com força: “Ó Irmão Leão, se o frade menor soubesse todas as línguas do mundo, todas as ciências, escrituras e profetizasse e revelasse as coisas futuras, os segredos das consciências, escreve que nisso não está a perfeita alegria”.

Indo mais adiante, São Francisco o chama novamente com força:”Ó Irmão Leão, ovelhinha de Deus, mesmo que o frade menor falasse a língua dos anjos e soubesse tudo sobre as estrelas e sobre as ervas e lhe fossem revelados todos os segredos da terra, dos pássaros, dos peixes, de todos os animais, homens, árvores, pedras, raízes e águas, escreve que nisso não está a perfeita alegria”.

E caminhando mais um pouco torna a o chamar em alta voz:”Ó Irmão Leão, ainda que o frade menor soubesse pregar como ninguém e convertesse todos os infiéis da terra, escreve que nisso não está a perfeita alegria”.

Francisco continuou falando assim durante duas milhas. Então, Frei Leão, bastante admirado, perguntou-lhe: “Pai, peço-te por amor de Deus que me digas onde está a perfeita alegria”.

Então, o santo respondeu: “Quando nós chegarmos ao convento de Santa Maria dos Anjos, totalmente molhados, tremendo de frio por causa da neve, cheios de lama e de fome e batermos na porta e o irmão-porteiro nos disser: “Quem são vocês?” E nós lhe dissermos que somos dois de seus irmãos, mas ele irritado falar: “Não são não! Vocês são dois vagabundos que andam enganando a todos por aí, roubando as esmolas dos pobres. Por isso, fora daqui!” E não nos deixar entrar no convento e fazer com que fiquemos na neve, na chuva e com frio e fome até de noite: então, se suportarmos tudo isso com alegria, sem nos perturbarmos e sem murmurarmos contra ele e até pensarmos humildemente que o porteiro nos reconheceu e nos falou aquilo tudo com a permissão de Deus: aí, sim, irmão Leão, escreve que nisto está a perfeita alegria!”

“Depois de tudo isso, irmão Leão, se continuarmos a bater na porta e ele sair do convento furioso e nos expulsar falando-nos muitas injúrias e nos der bofetas dizendo: “Fora daqui, seus ladrões vis, aqui ninguém lhes dará comida nem cama”. Se nós suportarmos tudo isso com paciência e alegria e de bom coração, escreve, irmão Leão, nisso está a perfeita alegria!”"

“E ainda uma vez, por causa da fome e do frio da noite, batermos e chamarmos e pedirmos por amor de Deus com muitas lágrimas que nos abre a porta e nos deixe entrar e, se ele mais escandalizado nos chamar de vagabundos importunos e disser que nos pagará como mercemos e sair com um bastão nodoso na mão e nos agarrar pelo capuz e nos atirar ao chão e nos arrastar pela neve e nos bater muito; se suportarmos todas estas coisas com paciência e alegria, pensando em tudo o que Cristo bendito sofreu por nós; escreve, irmão Leão, que nisso está a perfeita alegria e ouve, pois, a conclusão: acima de todas as graças e de todos os dons do Espírito Santo, os quais Cristo sempre concede aos seus amigos, está o dom de conseguir vencer-se a si mesmo e, de boa vontade, suportar todas as injúrias e desprezos, lembrando sempre que todos os dons vêm de Deus, como nos diz o Apóstolo: “Que tens tu que não o haja recebido de Deus? E se recebeste dele, porque te glorias?”. Mas, irmão Leão, nós podemos nos gloriar na cruz da tribulação de cada aflição, porque isto sim é nosso!

FONTE:http://www.cantodapaz.com.br/blog/2006/11/11/45-o-que-e-a-perfeita-alegria/